Ansiedade normal e patológica: quando devo tratar?

Segundo a OMS, o Brasil é o país que possui cerca de 10% da população ansiosa e se tornou a nação com mais pessoas ansiosas no mundo. Nunca se ouviu falar tanto em ansiedade, que pode ser a normal ou ansiedade patológica.

O medo é um meio que nosso cérebro encontra de nos alertar em acontecimentos diversos que vivenciamos e quando é normal, nos ajuda a enfrentar situações como um perigo desconhecido em nosso dia a dia.

Se você já sentiu o coração disparar diante de uma entrevista de emprego ou suou frio ao andar em uma rua deserta durante a noite, fique tranquilo, esses são exemplos de sintomas de ansiedade normal.

A ansiedade sai do limite e se torna patológica quando a pessoa se sente angustiada e prejudica diversas áreas da vida, afetando a sua qualidade de vida. 

A ansiedade patológica paralisa, ou seja, você passa a não mais enfrentar compromissos ou tarefas que em seu dia a dia era normal e a angústia é sempre aparente, provocando várias sensações fisiológicas e psicológicas.

Ansiedade patológica e os sintomas

Alguns sintomas físicos e psicológicos da ansiedade podem ser confundidos com outras doenças que vão desde anemia até doenças cardiovasculares e renais.

Uma pesquisa realizada em 2019 considera que as comorbidades são frequentes nos transtornos de ansiedade, variando entre outros transtornos psiquiátricos até doenças cardiovasculares e renais.

A pesquisa ressalta que os transtornos de ansiedade geralmente prejudicam a vida diária dos indivíduos, pois muitos deixam de realizar atividades rotineiras por medo das crises ou sintomas.

Como diz na pesquisa, as situações que provocam ansiedade algumas vezes são suportadas com grande sofrimento e muitas das atividades exigem a participação de outras pessoas para que sejam realizadas – o que pode afetar a qualidade de vida e diminuir o grau de independência. 

A mesma pesquisa relata sobre os rompimentos sociais e de relacionamentos e abandono de atividades consideradas prazerosas também podem acontecer devido a ansiedade não tratada.

Quando os sintomas são identificados precocemente o tratamento consequentemente será mais eficaz fazendo com que a criança ou adulto diminua o agravamento desses quadros ao longo do desenvolvimento da doença.

Por isso é importante avaliar, com um profissional capacitado, o conjunto de sintomas físicos e psicológicos, além de observar a frequência que eles ocorrem.

Alguns sintomas físicos da ansiedade patológica

  • Dor no peito 
  • Dor de cabeça, musculares
  • Dores e queimação no estômago
  • Tontura
  • Formigamento
  • Choro intenso
  • Taquicardia
  • Respiração ofegante
  • Falta de ar
  • Tremores no corpo
  • Sensação de cansaço
  • Tensão muscular
  • Náusea
  • Queda de cabelo
  • Suor frio e excessivo
  • Perturbação do sono
  • Diarreia ou dor de barriga
  • Desmaios

É importante salientar que somente um profissional capacitado pode ajudar no diagnóstico e estes tópicos são apenas para conhecimento sobre o tema e esclarecimentos de dúvidas.

Além disso, alguns sintomas físicos da ansiedade patológica podem ser confundidos com outras doenças, como, por exemplo, o COVID 19, que possui um sintoma característico de falta de ar.

Neste caso, é importante observar se você está enfrentando uma situação aterrorizante ou se já tem histórico de ansiedade normal, para não confundir os sintomas. Caso tenha dúvidas, procure um profissional capacitado.

Alguns sintomas psicológicos da ansiedade patológica

  • Angústia
  • Tensão
  • Nervosismo
  • Medo constante
  • Preocupação exagerada
  • Irritabilidade
  • Pensamentos descontrolados, acelerado e negativos
  • Inquietação
  • Alterações desadaptativas no comportamento
  • Isolamento
  • Sensação de “nervos à flor da pele”
  • Fatigabilidade
  • Dificuldade de concentração ou “ter brancos”
  • Sensação negativa de que algo vai acontecer

Quais são os tipos de ansiedade?

Segundo a classificação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), existem vários tipos de Ansiedade:

  1. Transtorno de ansiedade de separação
  2. Mutismo Seletivo 
  3. Transtorno de ansiedade social (fobia social) 
  4. Transtorno de pânico 
  5. Agorafobia 
  6. Transtorno de ansiedade 
  7. Transtorno de ansiedade devido a outra condição médica 
  8. Outro Transtorno de ansiedade específico 
  9. Transtorno de Ansiedade não especificado

Eventos estressantes (traumáticos) que podem deixar uma pessoa ansiosa, caso não procure ajuda essa ansiedade pode evoluir para um grau bem elevado, como: ansiedade generalizada, crise de ansiedade, crise de pânico ou um transtorno (síndrome) de pânico. 

Paulo Dalgalarrondo, autor do livro Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais, ressalta que o quadro de ansiedade generalizada se caracteriza pela ansiedade e preocupação excessivas, na maioria dos dias por período mínimo de seis meses, em diferentes atividades e eventos da vida.

Paulo enfatiza que o foco da ansiedade generalizada ou preocupação não é decorrente de outro transtorno mental, como o medo de ter crises de pânico, de ser contaminado, de ganhar peso, no caso de TOC, da anorexia, etc).

Na crise de pânico ocorre importante descarga do sistema nervoso autônomo, duram geralmente não mais de uma hora. 

Geralmente as crises de pânico são desencadeadas por aglomeração, ficar “preso” (ou com dificuldade para sair) em congestionamentos no trânsito, supermercados com muita gente, shopping centers, situações de ameaça, etc.

Já o quadro de transtorno de pânico, as crises são recorrentes e com desenvolvimento de medo de ter novas crises, preocupações sobre possíveis implicações da crise, como perder o controle, ter um ataque cardíaco ou enlouquecer e ainda pode vir acompanhado de agorafobia (fobia de lugares amplos e aglomerações).

Quando devo tratar a ansiedade?

Especialmente quando você sente que a ansiedade está atrapalhando a sua qualidade de vida, evitando que você faça coisas que antes fazia muito bem ou que você paralise diante de situações, ela precisa ser tratada.

É essencial marcar um horário com um psicólogo ou médico psiquiatra, que, após avaliar e estudar o seu caso, vai definir qual o melhor método para amenizar toda a situação desconfortável causada pela ansiedade patológica.

Algumas pessoas sentem medo de procurar ajuda e  pela resistência e medo ao uso de medicamentos controlados, mas é importante que se busque informação antes de recusar a ida ao médico.

Somente o profissional capacitado poderá responder todas as objeções a respeito do tratamento correto da ansiedade, que nem sempre é através de medicação controlada, por isso, dê uma chance à sua qualidade de vida.

É através do acompanhamento que conseguimos encontrar estratégias para lidar e investigar as causas que disparam a ansiedade. 

Início do quadro de ansiedade

Existem vários meios de iniciar um quadro de ansiedade. Assim como DSM V relata sobre o Transtorno de ansiedade de separação, esse transtorno está relacionado ao “medo ou ansiedade impróprios e excessivos em relação ao estágio de desenvolvimento, envolvendo a separação daqueles com quem o indivíduo tem apego, evidenciados por três (ou mais) dos seguintes aspectos”: 

  • Sofrimento excessivo e recorrente ante a ocorrência ou previsão de afastamento de casa, ou de figuras importantes de apego.
  • Preocupação persistente e excessiva acerca da possível perda ou de perigos envolvendo figuras importantes de apego, tais como doença, ferimentos, desastres ou morte.
  • Preocupação persistente e excessiva de que um evento indesejado leve à separação de uma figura importante de apego (p. ex., perder-se, ser sequestrado, sofrer um acidente, ficar doente).
  • Relutância persistente ou recusa a sair, afastar-se de casa, ir para a escola, o trabalho ou a qualquer outro lugar, em virtude do medo da separação.
  • Temor persistente e excessivo ou relutância em ficar sozinho, ou sem as figuras importantes de apego em casa, ou em outros contextos.
  • Relutância ou recusa persistente em dormir longe de casa, ou dormir sem estar próximo a uma figura importante de apego.
  • Pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação.
  • Repetidas queixas de sintomas somáticos (p. ex., cefaleias, dores abdominais, náusea ou vômitos) quando a separação de figuras importantes de apego ocorre ou é prevista.

Pesquisas apontam que a ansiedade como outros problemas comportamentais e doenças mentais podem ter influência desde o bebê no ventre de sua mãe (as alterações sofridas pelo feto podem fazer com que a própria criança seja menos capaz de lidar com o estresse mais tarde. Essas alterações foram associadas, por exemplo, a problemas de comportamento e doenças mentais).

Portanto, a ansiedade pode se iniciar na infância, com idade bem precoce quando a criança passa por alguns dos aspectos citados acima, como o medo, a perturbação que causa sofrimento e prejuízos no funcionamento social, acadêmico e profissional.

A ansiedade não tratada precocemente pode perdurar para vida toda e a tendência é aumentar os sintomas, atrapalhando a pessoa ter uma vida saudável em todas as áreas importantes da vida do indivíduo.

O DSM V ainda relata que nas crianças, o transtorno de ansiedade de separação é altamente comórbido a transtorno de ansiedade generalizada e fobia específica. 

Em adultos, as comorbidades comuns incluem fobia específica, transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos da personalidade.

Os transtornos depressivo e bipolar também são comórbidos ao transtorno de ansiedade de separação em adultos.

A psicoterapia, por exemplo, é uma maneira segura para tratar a ansiedade e busca melhorar a qualidade de vida através de reflexões e mudanças de comportamentos negativos.

Acessando este link você pode marcar um horário para que possamos te ajudar a tratar os desagradáveis sintomas físicos e psicológicos da ansiedade.

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