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A ausência de fé em algo ou alguém é muito comum em nossa vida e pode gerar a sensação de bloqueios frente ao que enfrentamos em nosso dia a dia.

Os tratamentos, especialmente psicoterápicos, também sofrem com a ausência de fé por parte de algumas pessoas que estão fora ou até mesmo dentro do processo terapêutico.

Muitas pessoas criticam o tratamento de uma maneira como se a psicologia fosse uma questão de fé ou crença, e não de ciência, de fato.

Para entender melhor, no grego o nome “psicologia” é formado através de duas palavras, a junção de psique (mente ou alma) mais a palavra logia (estudo), logo, significa estudo da mente.

É normal que algumas pessoas que estejam em tratamento terapêutico não acreditem e até achem uma besteira continuar investindo na saúde mental.

Claramente esta visão é baseada em -muitos- mitos que estão em volta da psicologia, até porque a psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano, fundamentado na mente humana, e utiliza diversos métodos científicos para comprovar seus estudos.

A ausência de fé pode afetar o tratamento psicológico?

Sim, em muitos casos as pessoas com ausência de fé não têm muita esperança que o que está ruim pode melhorar ou até acontecer a cura através do tratamento.

Quando não existe a crença que a doença física pode estar relacionada com a mente, não sendo confirmado e demonstrado através de exames concretos por meio da medicina, ou seja, não é algo que se vê, mas é algo que se sente, e sente no corpo e muitas vezes na mente.

Lembro da definição de Paulo aos Hebreus quando escrevo essas linhas, “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem”.

A ausência de fé pode até fazer com que o sujeito não acredite no tratamento e muitas vezes pode influenciar na percepção das mudanças que a terapia proporciona.

A confiança, conexão e segurança podem ser abaladas quando o cliente que frequenta a sessão não acredita ou não gosta de ir ao psicólogo.

Sendo assim, o profissional capacitado, quando percebe que não existe vínculo entre profissional e cliente, indicará outros profissionais para que o mesmo consiga se vincular e talvez consiga continuar investindo no tratamento.

O mesmo pode acontecer com o cliente, por isso, antes de abandonar a sessão de psicoterapia, é recomendado que se pergunte sobre a possibilidade de procurar outro psicoterapeuta.

A falta de confiança no processo terapêutico também influencia a entrega total e permissão do cliente ao seu desenvolvimento pessoal.

O processo terapêutico só será eficaz se houver um consentimento e possibilidade de mudança do próprio cliente, que é o responsável por compreender, refletir e tomar atitudes para construir um novo modo de viver

Alguns mitos que afetam o tratamento psicológico

A base dos mitos que rondam o tratamento psicológico e o processo terapêutico estão em separar a saúde física da mental.

Quer um exemplo? Quando falamos sobre dores, a primeira coisa que vem a nosso pensamento é a dor física e não a emocional.

Essas marcas (dores) falam por si próprias através do sofrimento que está para além do real do seu corpo.

Por esse motivo, separamos alguns mitos que contornam a psicologia e que talvez contribua para a descrença no tratamento psicológico, são eles:

Mito 1: Somente casos graves precisam de acompanhamento psicológico

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Será? A psicoterapia auxilia na reorganização psíquica, o que ajuda o indivíduo a ressignificar várias dores emocionais que nem ele sabia que existia dentro de si.

Muitos traumas, por exemplo, são desenvolvidos durante a infância e você algumas vezes têm a possibilidade de entendê-los e olhá-los de frente em uma sessão de psicoterapia.

É necessário que o sujeito cuide ao mesmo tempo do corpo e da mente, uma vez que na esfera inconsciente a mente e o corpo estão interligados.

Grand, criador do método Brainspotting, diz que o cérebro tanto observa como corrige anomalias nos sistemas do corpo.

Segundo Platão, o homem erra por “procurar curar separadamente a alma ou o corpo”. E é no setting terapêutico, que o sujeito encontra a cura para seus sofrimentos emocionais.

A terapia Brainspotting, EMDR e Experiência Somática, auxiliam no tratamento de traumas físicos e emocionais vivenciados, que muitas vezes a pessoa não se deu conta que teve acesso, como, por exemplo, a insônia, a depressão e o medo de dirigir por uma situação traumática passada há anos.

Mito 2: O psicólogo irá dizer o que você deve fazer

Se você busca o profissional da psicologia com a esperança que ele vá resolver, em um passe de mágica, todos os seus problemas, realmente você caiu em um mito (e dos grandes).

Durante o tratamento psicológico, o grande protagonista é você. Inclusive, o poder de mudança está todo em suas mãos, o psicólogo é apenas um canal para a resolução de perguntas e ampliação de caminhos, do ponto de vista do cliente.

As respostas dos questionamentos abordados na sessão são encontradas pelo próprio cliente, ou seja, o psicólogo não substitui os seus passos.

Segundo David Grand, o cliente é como a cabeça de um cometa e o terapeuta segue na calda desse cometa para onde quer que vá.

Mito 3: Vou jogar tempo e dinheiro fora

A sessão de terapia é uma maneira de ter acesso e cuidar de dores emocionais, que muitas vezes se manifestam em dores físicas, inclusive.

Sendo assim, o tratamento psicoterápico é tão importante quanto o tratamento de dores físicas e não deve ser visto como uma caixinha fora do seu corpo.

O corpo expressa as emoções através de algumas manifestações físicas e adoece por não cuidarmos da mente.

Se ainda assim você continua desacreditando do tratamento psicológico e da sua eficácia no desenvolvimento como ser humano, o ideal é que continue se informando, como está fazendo agora.

A psicologia é uma ciência, e por estudar os seres humanos em sua complexidade, é uma das mais complicadas que existem que dispomos para diagnosticar e avaliar nossa saúde mental.